Deficiência Auditiva

 

Como funciona o ouvido?

De uma forma sintética temos o nosso ouvido dividido em três partes, estas funcionam em uníssono para que a chegada do som ao nosso cérebro ocorra:

1º Ouvido externo – É constituído pelo pavilhão cuja função é captar e canalizar o som para o interior do canal auditivo.

2º Ouvido médio – É composto pelo martelo bigorna e estribo cuja a função consiste na recepção do som através de uma transformação mecânica.

3º Ouvido interno – È composto pela cóclea a qual é responsável pela transmissão do som ao nosso cérebro.

 

Passos envolvidos na audição

1.    As ondas sonoras são captadas pelo pavilhão auricular e são conduzidas pelo canal auditivo à membrana do tímpano.

2.    O tímpano transmite a vibração ao martelo, bigorna e estribo.

3.    A vibração do estribo faz vibrar a perilinfa na rampa vestibular.

4.     A vibração da perilinfa produz a vibração simultânea da membrana vestibular da endolinfa no canal da coclea. 
 

Deficiência auditiva ou surdez é a incapacidade parcial ou total de audição. Pode ser de nascença ou causada posteriormente por doenças.

- Aquisição da linguagem

A linguagem , a nível humano, é o instrumento por excelência da comunicação.

O desenvolvimento e a aquisição da linguagem é um processo de interacção e integração que se desenvolve por etapas.

Do ponto de vista cronológico a aquisição da linguagem da criança dita normal, parece realizar-se ao longo de três etapas essenciais (Bouton, 1977) :

1º - A pré - linguagem ( até aos 12 ou 13 meses, por vezes 18 meses)

2º - A primeira linguagem ( de 1 ano, 1 ano e meio até aos 2 anos e meio ou 3 anos)

3º - A linguagem (a partir dos 3 anos)

Esta ordem é por natureza constante, mas o ritmo de progressão varia de indivíduo para indivíduo. Deve contudo assinalar-se que o desenvolvimento verbal da criança se insere no conjunto do seu desenvolvimento sensório - motor e cognitivo.

A pré - linguagem, dividiu as produções vocais dos primeiro dezoito meses em cinco estágios:

Estágio 1 (zero a oito semanas): choro, reflexos e sons vegetativos (arrotar, engolir, etc.);

Estágio 2 (oito a vinte semanas): arrulhos e risos;

Estágio 3 (dezasseis a trinta semanas): brincadeira vocal incluindo o isolamento de tipos de segmentos primitivos;

Estágio 4 (vinte e cinco a cinquenta semanas): balbuceio reduplicado (série de sílabas consoante - vogal repetidas)

Estágio 5 (nove a dezoito meses): balbuceio não reduplicado e gorgeio expressivo (palavras monossilábicas ou por vezes dissilábicas próprias do vocabulário infantil), ex. bábá, té, mi.

Aquisição da linguagem pelas crianças deficientes auditivas


Em todas as crianças a interacção verbal e não verbal inicia-se nos primeiros dias. Os problemas que se põem dependem do tipo de surdez, e se esta é adquirida antes ou depois da iniciação da linguagem, ou depois da aquisição da leitura e da escrita. Se a surdez aparece quando a criança já domina as bases da linguagem e começou a aprender a ler, o desenvolvimento pode ser normal, tendo precaução e utilizando técnicas de reeducação.

Apesar do choque psicológico não desprezível e que pode determinar perturbações psicóticas por vezes graves, mas curáveis, a criança pode aprender a inserir-se numa vida normal sem sofrer demasiado pelo seu handicap.1

Se a surdez aparece antes da aquisição ou do início da aquisição da leitura e da escrita, a linguagem pode deteriorar-se rapidamente. A reeducação pode, contudo, limitar consideravelmente o défice.

Se ela surge antes do aparecimento da linguagem falada a situação da criança reduz-se praticamente à do surdo congénito.

A aquisição da linguagem é o problema primordial da criança surda. No caso do défice mais grave, o da cofose, a criança surda é muda, porque é surda.

A maior parte destas crianças nascem de pais que ouvem. Ficam portanto afastadas das comunidades de surdos até à idade que lhes permite uma certa autonomia e uma inserção social independente do meio familiar. inserção social independente do meio familiar. São pois, inicialmente, crianças sem linguagem e a linguagem gestual utilizada em tais comunidades é para elas uma "língua materna" . É importante estabelecer aqui uma distinção entre a linguagem oral e gestual.